Com o “Tarifaço” dos EUA Nosso Café Vai Ficar Mais Caro?
O que está rolando no mundo do café?
Se você já trocou ideia com algum fã de café ou acompanhou as manchetes recentes, deve ter notado: conversa sobre tarifa, imposto, governo americano mexendo nos pauzinhos. Afinal, o que significa esse tal “tarifaço” dos Estados Unidos para o café brasileiro e para o nosso querido cafezinho?
E pior: será que esse efeito chega rapidinho no bolso de quem só quer saborear um café passado?
Respira fundo, pega sua xícara e vamos passear nessa história com calma. Prometo explicar tudo, sem economês chato!
Antes de tudo: o que é tarifa de importação e pra que serve?
Tarifa de importação é como um pedágio: para entrar em um país, o produto paga uma taxa. Os motivos são muitos: proteger agricultores locais, dificultar a entrada de competidores, forçar negociações, ou reforçar o caixa do governo.
Os Estados Unidos já usaram esse “truque” muitas vezes, especialmente sob o governo Trump, que iniciou uma onda protecionista (lembra da guerra comercial com a China?). Agora, medidas parecidas vêm sendo reforçadas – e produtores e consumidores do mundo inteiro sentem a pressão.
O papel dos EUA no mundo do café
Aqui vem um dado que todo amante de café precisa saber:
Os Estados Unidos são de longe o maior importador mundial de café verde.
Só em 2023, segundo a Organização Internacional do Café (OIC), os EUA importaram cerca de 27 milhões de sacas de café verde, o que representa praticamente um quinto de todo o comércio global do produto!
Mas nem todo café é igual. Os americanos buscam tanto o grão commodity barato, usado em grandes redes, quanto cafés especiais, vindos de regiões do Brasil, Colômbia, Etiópia, Vietnã e muito mais.
Brasil e EUA: uma relação de longa data
Brasil e Estados Unidos têm uma relação cafeeira de décadas. Pra você ter uma ideia, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé):
- 2023: O Brasil exportou 6,6 milhões de sacas de café só para os Estados Unidos (17% de tudo que vai pro exterior!).
- 2022: Foram 6,8 milhões de sacas — uma leve redução, acompanhando a produção menor naquele ano por conta de problemas climáticos.
- 2021: Cerca de 7,7 milhões de sacas (ano de produção recorde).
- 2020: 7,1 milhões
- 2019: 6,2 milhões
Ou seja, os EUA são, de longe, nosso maior cliente externo.
Se a tarifa subir de repente, é como se o consumidor fiel resolvesse dar um tempo no cafezinho brasileiro – ao menos aquele vendido de forma massiva, que sente mais os impactos do preço.
O que muda na prática com o “tarifaço”?
Agora, vamos juntar as peças. Quando o governo dos EUA pensa em aumentar tarifas de importação sobre produtos agrícolas – e coloca o café no pacote – vários efeitos podem ser sentidos, até por quem nunca pensou em exportação na vida.
1. Fica mais caro exportar para o maior cliente
Com a tarifa, aquele café que era competitivo nos EUA perde parte do apelo. O importador americano compara o preço com concorrentes (Vietnã, Colômbia etc.) e pode até reduzir a quantidade comprada do Brasil, ou tentar negociar descontos com o exportador.
2. As cooperativas e os grandes exportadores têm que decidir: vendo lá fora ou foco no Brasil e outros mercados?
No passado, o Brasil já se reinventou em crises de exportação. Quando o destino americano paga menos, produtores buscam novas saídas – mercado interno, Europa (Alemanha é o 2º maior comprador, levando 5,6 milhões de sacas em 2023), Ásia (Japão e Coreia do Sul compram juntos quase 3 milhões por ano) etc.
3. O café “sobra” no Brasil? E o preço abaixa?
Essa é a expectativa, mas nem sempre é tão direto. Às vezes, o excesso pressiona o preço para baixo, mas exportadores ágeis podem redirecionar sacas para outros mercados. E aí, claro, entra a lei da oferta e da procura: quanto menos café disponível no Brasil, mais caro tende a ficar – e vice-versa.
4. Cafés especiais sentem mais
O mercado de cafés especiais (os grãos top de linha, com aromas e sabores “de outro mundo”) é menos elástico. Muitos desses grãos têm destino certo: cafeterias e microtorrefações dos EUA, dispostas a pagar mais por qualidade e rastreabilidade. Se a tarifa americana encarecer demais esses grãos, o consumidor final pode começar a buscar alternativas – ou segurar a mão na hora de importar os melhores lotes.
Na ponta da xícara: e o preço para o consumidor brasileiro?
A grande dúvida! Será que o seu café vai encarecer, ou baratear nos próximos meses?
Cenário A – Preço pode cair:
Se parte do café destinado aos EUA acabar sendo vendido no mercado interno, pode haver maior oferta, ajudando a segurar preço. Isso já aconteceu em 2022, quando exportações caíram e o consumidor brasileiro teve mais acesso a cafés de alta qualidade.
Cenário B – Preço pode subir:
Por outro lado, se a produção seguir baixa (por causa de clima ruim, por exemplo) ou se outros países pagarem mais, o produtor prefere vender pra fora. Daí, menos café fica disponível no Brasil — e o preço sobe pra todo mundo, do barista ao consumidor em casa.
É um verdadeiro jogo de xadrez global, em que o clima, a produtividade, o câmbio do dólar e as decisões políticas dos “gringos” mexem o tabuleiro todo ano.
E o norte-americano, o que sente?
Pro consumidor americano, a conta é mais simples: com tarifas altas, o café importado encarece direto na prateleira. Isso vale para grãos puros, blends de melhores cafeterias, aquelas cápsulas especiais… tudo tende a subir.
O movimento pode abrir mais espaço para cafés cultivados nos EUA (como o do Havaí ou da Califórnia), mas esses representam menos de 1% do consumo nacional. Ou seja: um efeito dominó, encarecendo o café para o consumidor médio e mexendo com toda a cadeia produtiva global.
Contexto global: café, pandemia e clima
Um detalhe importante: o mercado de café já vinha chacoalhado nos últimos 5 anos. Entre 2020 e 2022, os preços internacionais bateram recordes, puxados por:
- Problemas climáticos no Brasil (geadas e secas históricas).
- Logística mundial cheia de atrasos e custos altos na pandemia.
- Crescimento dos mercados asiáticos, com demanda firme por café brasileiro.
Os EUA, mesmo com tarifas e oscilações, seguem como principal destino, mas a concorrência está acirrada — e o produtor brasileiro precisa ser criativo (e eficiente!) para garantir rentabilidade.
A xícara global nunca esteve tão conectada
Parou para pensar que o seu café matinal depende de acordos políticos, regras comerciais e até eventos climáticos no interior de Minas Gerais ou nas fazendas do Texas?
Essa conexão é fascinante: o que muda lá nos Estados Unidos pode, sim, mexer no seu bolso — e até no sabor do cafezinho de todo dia.
O tarifaço é só mais um capítulo dessa novela.
Resumindo o café de hoje:
- O “tarifaço” dos EUA pode encarecer (ou pelo menos dificultar) as exportações brasileiras.
- A produção exportada ficou entre 6 e 7,7 milhões de sacas pra lá nos últimos 5 anos.
- O efeito chega mais cedo ou mais tarde por aqui, dependendo da safra, de outros compradores e dos humores do mercado.
- Cafés especiais e pequenos produtores podem sentir mais, já que ficam mais dependentes do consumidor externo.
- O mundo do café é dinâmico: fique ligado e não perca as próximas notícias!
Bora conversar?
E você, já percebeu aumento no preço do seu café, ou naquela cafeteria favorita?
Tem curiosidade sobre algum detalhe do mercado de café?
Conta pra gente nos comentários! Adoramos ouvir as histórias de quem compartilha essa paixão pela bebida mais amada do Brasil!
E fica tranquilo: café sempre vai ter, até porque, com ou sem tarifaço, ninguém segura um bom cafezinho.
Referências:
- www.cecafe.com.br
- www.ico.org